Um novo estudo conduzido por pesquisadores dos EUA
reconstruiu a temperatura média da Terra nos últimos 11,3 mil anos para
compará-la aos níveis atuais.
A boa notícia: a Terra hoje está mais fria do que
já esteve em sua época mais quente desse período. A má: se os modelos dos
climatologistas estiverem certos, atingiremos um novo recorde de calor até o
final do século.
O trabalho, publicado na revista "Science", reuniu dados de 73 localidades ao redor do mundo para estimar a temperatura global (e local) no período geológico conhecido como Holoceno, que começou ao final da última era do gelo, há 11 mil anos.
Os dados confirmam uma velha desconfiança dos
cientistas: a de que a Terra passou por um período de aquecimento que começou
cerca de 11 mil anos atrás. Em 1,5 mil anos, o planeta esquentou cerca de 0,6ºC
e assim se estabilizou, durante cerca de 5.000 anos.
Então, 5,5 mil anos atrás, começou um novo processo
de esfriamento --que terminou há 200 anos, com o que ficou conhecido como a
"pequena era do gelo". O planeta ficou 0,7ºC mais frio. Entram em
cena a industrialização acelerada e o século 20. O planeta volta a se
esquentar. No momento, ele ainda não bateu o recorde de temperatura visto no
início do Holoceno, mas já está mais quente que em 75% dos últimos 11 mil anos.
Assim, o estudo confirma que a temperatura da Terra
está subindo em tempos recentes e mostra que a subida é muito mais rápida do
que se pensava.
Para a mudança climática atual se tornar relevante
na escala de tempo analisada pelo modelo de reconstrução dos últimos 11 mil
anos, ela precisa continuar no próximo século. Segundo os modelos do IPCC
(Painel Intergovernamental para Mudança Climática), da ONU, é isso que vai
acontecer.
Contudo, ainda há incertezas sobre a magnitude do
fenômeno. De toda forma, mesmo pelas estimativas mais otimistas, quando
chegarmos a 2100, se nada for feito, provavelmente estaremos vivendo o período
mais quente dos últimos 11 mil anos.